O Fascínio do Campo

Sinto e vivo o campo de forma idílica. Desde que decidimos vir morar para esta região que pusemos de parte certos hábitos e exigências. Abdicamos de rotinas às quais estávamos habituados. A praia passou a ficar mais distante e a antiga casa com vista de mar faz-nos agora lembrar os fins de tarde à beira mar. Este ano a minha pele com a total ausência de mar e sol, adquiriu um tom semi pálido e pouco atraente. As paragens hoje, são outras, passeios pelo campo onde respiro o ar fresco da manhã ou de um final de tarde. Não procuro a ausência do social, nem tão pouco refugiar-me ou isolar-me do mundo, porque esse está ali mesmo ao virar da esquina. Considerando bem, houve apenas uma troca em que para trás ficou uma vida urbana, hoje por uma vida simples. E, desta odisseia ganhamos prazeres inigualáveis; aprendemos no dia-a-dia lições de humildade, aprendemos principalmente a "desapegarmos-nos" do que não nos faz falta e começamos a traçar objectivos que são realmente claros e importantes. Olho para as minhas mãos e vejo que envelheceram, descuidadas e sem brilho quase sempre por pintar, são as mãos de quem amassa o pão, cose e semeia na terra; reparo também que o meu roupeiro não é mais aquele roupeiro cheio de cabides de roupa nova, mas tem o que necessito e preciso para vestir; há muito que não tenho de subir e partilhar em silêncio mórbido a cabine do elevador com o vizinho Sr. Dr. ou o Sr Engº do prédio onde morava, hoje, chego a casa e tenho sacos de laranjas, limões, e legumes deixados por vizinhos que mal conheço. Aparentemente esta é a vida que sempre desejei ter.

10 comments

  1. Aparentemente, é também a que sonho ter :)

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  2. Na verdade, uma vida muito mais encantadora... onde se aproveita o tempo ao máximo, sem correrias.

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  3. O importante Márcia é que sejas feliz! Sempre :))

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  4. Gostava muito de ter a coragem de mudar de vida assim, quem sabe um dia!!!!

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  5. De momento vivo no corrupio da cidade e moro num prédio onde nem todos se conhecem, e muitas vezes nem sequer se cumprimentam e isto é tão desagradável! Por isso mato as saudades quando vou para casa dos meus pais, digamos é o meu mundinho!
    Aproveito para relembrar que devido a problemas de url o blog Retalhos da Memória dá continuidade aqui: http://osmeusretalhosdamemoria.blogspot.com/ Obrigada por nos seguires e esperamos continuar a ter a tua visita no novo endereço. Um xi-coração Sandra

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  6. Como tudo na vida tem as suas vantagens e desvantagens. Já vivi no campo e mais tarde optei pela cidade, que adoro, mas já estou a entrar numa fase da vida em que voltaria para o campo outra vez. Talvez um dia isso aconteça, porque apesar de lá ir de vez em quando, n é a mesma coisa :)*

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  7. Qualquer dia desses me aposento e sigo os seus passos!
    bjs Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com//

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  8. É tão bom esse despojamento.
    Eu gosto muito de uma vida cosmopolita... mas rendia-me num instante à ausência da mesma. Se calhar porque os meus conceitos de saudável são estes que partilhas aqui. Um dia! :)

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  9. Esta é a vida que se veste com autenticidade e se desapega, daquilo que nada mais é do que aparentemente.
    Gosto muito. :)

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