7 arte


A propósito do post que hoje a Vera nos escreve em que fala da diferença entre um bom filme e a diferença entre um filme de grandes vendas de bilheteira. Este ano fui três vezes ao cinema; nada mau quando se tem uma criança pequena. O primeira escolha cinéfila caiu sobre “O Laço Branco” que assisti numa minúscula e semi-vazia sala do “El Corte Inglés”. Este filme foi o grande vencedor da última edição do Festival de Cannes do argumentista e realizador Michael Haneke, que também recebeu o prémio de melhor realizador europeu. É um filme a preto e branco o que de si, nos transporta fielmente para o real da época. Decorre nas vésperas da I Grande guerra mundial, numa pacata aldeia rural do norte da Alemanha que se vê agitada nos misterios de uma serie de crimes cruéis, sem suspeitos evidentes. Numa trama inquietante e perturbadora, reinam as crianças, contidas, oprimidas, controladas e monotorizadas por um bando de adultos perversos que teimam numa educação austera e cruel! As personagens: o barão, o gerente, o pastor, o médico, a parteira, os camponeses. O Laço branco é um filme duro, claustrofóbico que retrata a hipocrisia da humanidade, o extremismo religioso e uma educação que se baseia num único alicerce, o medo.





A segunda ida ao cinema foi movida pela saudade de rever o Colin Firth no grande ecrã (ah, ah, ah, brinco). Gostei muito, muito mesmo de ver "Um Homem Singular", do estilista Tom Ford. Baseado no livro homónimo de Christopher Isherwood, este filme é passado na cidade de Los Angeles, 1962. George Falconer é um professor universitário de 52 anos, a tentar encontrar de novo um sentido para a vida, depois da morte do seu companheiro de sempre, Jim (Matthew Goode). George mergulha no passado e não consegue imaginar o seu futuro. Enquanto acompanha-mos a personagem durante um único dia, uma série de encontros e acontecimentos se desenrolam levando George a decidir se afinal haverá ou não sentido para a vida depois da morte do seu companheiro Jim. George é consolado pela sua amiga Charley (Julianne Moore), também esta a lutar com as suas próprias dúvidas e questões acerca do futuro. E um jovem estudante, aluno de George, de nome Kenny.


Este filme para além de contar uma bela história de amor entre dois homens mostra-nos em primeiro plano o significado da dor, do desgosto, do sofrimento, do luto, do sentimento de perda. A personagem de George carrega tudo isto, perdido à procura de si próprio, sentindo que perdeu tudo o que havia para perder. Os diálogos são poucos no entanto a meu ver, fortes, profundos e racionais. A linguagem sente-se à flor da pele no olhar perdido, na deambulação sem rumo e sem sentido da personagem de Colin Firth. É um filme de poucas palavras, mas muito intenso naquilo que traduz. Ah, já me esquecia de dizer que a musica que acompanha todo o filme é simplesmente sublime!





O terceiro filme que vi foi A Alice do Tim Burton, numa mega sala de cinema, a assistir ridiculamente com quatro lentes (óculos de ver x oculos 3D), senti-me como "Mr. Magoo" dos tempos modernos. Fui ver este filme para não me sentir excluída do universo Alice. Já a história relia-a este verão e para vos dizer não sou grande fã deste conto. Também não me fascina as grandes salas Lusomundo, nem tão pouco o som irritante de pipocas e mega copos XL de coca-colas espremidas pelas bocas barulhentas dos adolescentes! Mas, sim fui ver a Alice!


(Imagens retiradas da net)


E vocês que filmes tem visto ultimamente?


9 comments

  1. Bem, eu posso dizer que em dois anos e meio o único filme que vi no cinema (criança pequena, claro está!!) foi mesmo a Alice. Pipocas e outros cheiros esquisitos é coisas que detesto e foi coisa que não faltou e também me senti um Mr Magoo com óculos a dobrar (como eu te entendo!). Gostei do filme, como gosto sempre da originalidade do Tim Burton mas o filme não me surpreendeu, nem o facto de ser a 3D!
    E estou ansiosa por ver o Laço Branco quando sair para DVD.
    Beijinhos

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  2. eu adoro cinema por isso deliro com posts destes : esse filme do haneke deve ser duro de roer, eu dele só vi a "professora de piano" e apesar de ser um filme extremamente incómodo, mas gostei e a isabelle huppert estava fantástica nesse papel
    Quanto ao colin Firth, não há palavras, é o melhor actor do mundo e com um charme único !!!!
    Quanto à Alice, bem, lá irei ver este sucesso de bilheteira de que todos falam - aquilo que dizes dos cinemas Lusomundo, aqui na América é regra geral e ainda pior pois as pessoas só comem e bebem, e de tudo (asas de frango fritas - é nojento não achas ?), dentro do cinema - é insuportável ...
    Tens razão, com crianças pequenas nem sempre é fácil organizar-se para ir mais vezes ao cinema...
    bem,já falei demais ... bjs

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  3. Na verdade, o cinema não me agrada muito - obrigada teenagers com copos de cola gigantes e pacotes de pipocas intermináveis! - porque simplesmente irrita-me ter de pagar para ter uma cambada de malta a comer e a falar ao telemovel nos meus ouvidos. Mas sim, a minha média é menos que a tua (dois filmes em um ano e o útlimo que tinha visto o meu filho ainda não era nascido, por isso há cerca de 9 anos!!) mas o último que vi foi o Avatar (avaquê? respondem vocês). Não é o meu género mas tinha de ser visto no cinema - em 3D. Mr. Magoo!. Vale a pena mas a história, como quase todas que nos chegam do outro lado do oceano, esquece-se assim que saímos do cinema com pressa para chegar à rua e acender um cigarro.

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  4. Ps - mas quero ir ver a Alice, porque adoro o Tio Burton!!

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  5. Oi Marcia, obrigada pelos votos de feliz páscoa...é tão raro ver-te lá no meu blog que vim aqui te agradecer "pessoalmente"...olha, não tenho ido ao cinema nos ultimos tempos, pois dá uma preguiça...ando vendo dvds em casa mesmo, portanto, nada de novidades cinematográficas por aqui...
    Feliz Páscoa pra ti e tua família tb!
    Beijinhos.

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  6. Tenho andado a ver os filmes dos Óscares:

    An Education (gostei muito)
    The Blind Side (gostei)
    The Hurt Locker (sinceramente não percebi como ganhou tantas estatuetas!)

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  7. ultimamente também tenho ido ao cinema, acho que vi mais filmes estes três meses que nos últimos cinco anos (sem exagero!!!). e, curiosamente, também vi um homem singular e postei sobre isso...e adorei, acho aliás, que ainda não me recompus!

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  8. Ontem vimos(em casa)um filme que vale a pena ver: Le Concert, de Radu Mihaileanu.
    Excelente, divertido e emocionante, muito bem representado.
    Não digo mais...
    isabelle

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  9. Achei o "Um Homem Singular" sublime a todos os níveis, sobretudo pelas subtis mudanças de cor de acordo com as emoções transmitidas e a presença constante dos olhar. O filme está cheio de olhos, e perto do fim isso é explicado: "para conhecer uma pessoa, basta olhá-la de perto". Adorei!

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